Seis mil pessoas estão isoladas e passando fome em Baixo Guandu

Prefeito de Baixo Guandu diz que víimas estão em grotas no interior, à espera de socorro.

| Assessoria de Comunicação

Mesmo com a trégua das intensas chuvas que assolaram o Espírito Santo nas duas últimas semanas, cerca de seis mil pessoas continuam isoladas em Baixo Guandu. O receio de quem auxilia nos resgates é de que essas pessoas estejam passando sede e fome. Há 31 mil habitantes na cidade.

“São pessoas que estão há dias sem receber alimentos. Antes tomavam água da chuva, mas agora está seco”, relata o prefeito da cidade, Neto Barros. Essas pessoas moram em grotas, pertencentes às vilas de Ibituba, Alto Mutum Preto e Vila Nova do Bananal, que também têm problemas de acesso mas que têm recebido ajuda.
Foto: Bernardo Coutinho
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Uma cratera aberta pela chuva na Rodovia BR 259, que liga Colatina a Baixo Guandu, deixa a cidade isolada



























Os municípios mineiros de Aimorés, Regência e Resplendor também recebem apoio de Baixo Guandu. “Estamos ajudando por terra”, afirma Neto Barros.

Em Baixo Guandu, há necessidade de remédios para doenças crônicas, que exigem controle, como hipertensão e diabetes.

Itaguaçu: Já o município de Itaguaçu conseguiu avançar no socorro à população do interior. Ali, cerca de 3,5 mil estavam isoladas na última semana.

“Graças a Deus não voltou a chover. Hoje precisamos de colchão. Tem pai, mãe e filho dividindo um mesmo colchão”, diz o prefeito Darly Dettmann.

Em Colatina, vai ser feito mapeamento dos locais para onde as pessoas não poderão retornar, por causa de risco de deslizamento. Na cidade, oito pessoas morreram soterradas.

A preocupação em Linhares é com os distritos. Cerca de três mil pessoas continuam impedidas de sair de suas casas, embora já recebam alimentos.

Após ser atingida por cheia de rios causada por chuva em Minas Gerais, Barra de São Francisco receia por mais chuva no Estado vizinho, segundo o prefeito Luciano Pereira.

Voluntários dão show de solidariedade

Dezenas de voluntários que trabalham no Ginásio Tartarugão, em Vila Velha, ajudando a organizar as doaççes arrecadas para as vítimas das enchentes do Estado, prometem não deixar o local “enquanto existir gente precisando”.

A turismóloga Mariângela Teixeira, 50, mora na Barra do Jucu, em Vila Velha, bairro também afetado pelas chuvas. “Estou aqui há três dias. Minha região foi toda alagada. Mas, como minha casa não sofreu danos, resolvi ajudar as pessoas que estão precisando”, diz ela.

Moradora do bairro Vila Nova, a dona de casa Geceny Neto Moraes também foi até o ginásio para oferecer ajuda. “Tenho chorado muito pelos amigos e vizinhos que perderam tudo. Estamos aqui para ajudar. Se cada um fizer um pouquinho, no final a gente consegue muita coisa”, avaliou.

Alguns moradores procuraram A Gazeta para reclamar que donativos entregues no ginásio estariam demorando para chegar aos bairros. Mas a Prefeitura de Vila Velha garante que “todas as famílias têm sido atendidas”, e que a distribuição está sendo feita pelos homens do Exército.

Questionada sobre um possível “acúmulo” de material no Tartarugão, a prefeitura alegou que está dando prioridade para a distribuição de água e comida, e que roupas e cobertores estão, aos poucos, sendo entregue por pastores e líderes comunitários.

Chuvas reduzem doaççes de sangue: Até as doaççes de sangue foram prejudicadas pelas chuvas que atingiram fortemente o Estado. “No final de ano as doaççes já caem. Com o período de chuva, essa situação piorou”, afirma o diretor-geral do Centro de Hemoterapia e Hematologia do Espírito Santo (Hemoes), Antônio Peçanha.

“Com os locais alagados, aquelas pessoas que poderiam doar não vêm”, completa Peçanha. Nesta época do ano as chamadas cirurgias eletivas (agendadas) são reduzidas. E são elas que costumam chamar doadores, sendo responsáveis por 60% das doaççes de sangue.

Peçanha lembra que, nesta época do ano, não só acidentes, mas brigas com ferimentos à bala e à faca acontecem, exigindo cirurgia. “Falta conscientização da necessidade de doar”.

Para doaççes:
Vitória: em Maruípe
São Mateus: anexo ao Hospital Roberto Silvares
Colatina: ao lado do Hospital Silvio Avidos
Linhares: ao lado do Hospital Rio Doce
Cachoeiro: nos Hospitais Santa Casa de Misericórdia e Evangélico

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